Os brasileiros já conhecem que a taxa de inflação é alta, e os dados comprovam isso. O grande índice de Preços ao Consumidor (IPCA) dos últimos 12 meses já alcançou 10,25% e é um dos mais altos em anos.
E não é só para o bolso que a alta inflação causa impactos. A alta de preços muito forte e constante gera uma série de deformações - desde incertezas nos negócios até um aumento do bem-estar das pessoas - e, em definitivo, freia a economia e diminui o desenvolvimento do país.
Um menor crescimento representa também menos emprego e menos renda.
É positivo ter uma certa inflação. A inflação zero é ruim, isso significa que os níveis de preços não estão aumentando, mas a arrecadação das pessoas também não", disse o economista Heron do Carmo, professor sênior da Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São Paulo (FEA-USP) e estudioso de inflação.
O ideal é ter a inflação controlada em um nível baixo". Para o Brasil, uma alíquota em volta de 3% é bom. Mas quando se aproxima de 10%, já haverá distorções.
Oito dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados subiram em setembro, com destaque para o grupo habitação, que passou de 0,68% em agosto para 2,56% em setembro.
A inflação desse grupo foi puxada pelo aumento de 6,47% na conta de energia elétrica. Em setembro, entrou em vigor a bandeira Escassez Hídrica, que acrescenta R$ 14,20 na conta de luz a cada 100 kWh consumidos.
“A falta de chuvas tem prejudicado os reservatórios das usinas hidrelétricas, que são a principal fonte de energia elétrica no país. Com isso, foi necessário acionar as termelétricas, que têm um custo maior de geração de energia. Assim, a energia elétrica teve de longe o maior impacto individual no índice no mês, com 0,31 ponto percentual, acumulando alta de 28,82% em 12 meses”, afirmou o gerente do IPCA, Pedro Kislanov.
Os combustíveis também voltaram a subir, puxados pelas altas da gasolina (2,32%) e do etanol (3,79%). Além disso, o gás veicular (0,68%) e o óleo diesel (0,67%) também ficaram mais caros.
Os preços do gás de botijão (3,91%) também subiram e acumulam alta de 34,67% nos últimos 12 meses.
O IBGE destacou que esta foi a 16ª alta seguida nos preços do gás de cozinha e que a inflação acumulada pelo item nestes 16 meses chegou a 39,64%.
Entre os alimentos, destacam-se os aumentos das frutas (5,39%), do café moído (5,50%), do frango inteiro (4,50%) e do frango em pedaços (4,42%). Além disso, os preços da cerveja (1,32%) e do refrigerante e água mineral (1,41%) também subiram em setembro.
Os preços das carnes (-0,21%) recuaram em setembro, após 7 meses consecutivos de alta, mas ainda acumulam avanço de 24,84% nos últimos 12 meses.
“Tem uma série de fatores que estão por trás dessa inflação. Ela tem sido observada, principalmente, nos itens monitorados, que são a gasolina, a energia elétrica e o gás de botijão.
E tem também uma contribuição importante de alimentação e bebidas, principalmente com o aumento de preços das proteínas [carnes], afirmou o gerente da pesquisa.
A taxa de inflação acumulada em 12 meses para os 24 itens monitorados – que inclui gasolina, energia elétrica, transportes e plano de saúde, entre outros) chegou a 15,72%, segundo Kislanov.
As passagens aéreas (28,19%) tiveram a maior alta entre os itens não alimentícios no mês, após queda de 10,69% em agosto.
Os preços dos transportes por aplicativo avançaram 9,18% em setembro, e já tinham subido 3,06% no mês anterior.
Os automóveis novos (1,58%), os automóveis usados (1,60%) e as motocicletas (0,63%) seguiram também mais caros.
A meta central do governo para a inflação em 2021 é de 3,75%, e o intervalo de tolerância varia de 2,25% a 5,25%. No final de setembro, o Banco Central elevou de 5,8% para 8,5% sua estimativa de inflação para o ano,
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A expectativa do mercado financeiro para a inflação em 2021está atualmente em 8,51%, segundo Para 2022, a projeção está em 4,14%.
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, avaliou nesta semana que a taxa de inflação no país atingiu o seu pico em setembro e .
A meta de inflação é fixada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). Para alcançá-la, o Banco Central eleva ou reduz a taxa básica de juros da economia, a Selic. Atualmente, a Selic está em 6,25%. Segundo Campos Neto, o ritmo atual de elevação da Selic fará com que a inflação convirja para a meta em 2022.
Matéria publicada por: Ricardo de Moura Pereira Fonte de pesquisa: CNN, G1, Youtube